Espaço para a divulgação da arte e técnica de problemas de xadrez; sua evolução histórica; soluções de problemas e crônicas acidentais. Todos os direitos reservados. © Roberto Stelling

17 de novembro de 2007

ISC 2007 - 2ª categoria, parte 1

A categoria 2, voltada para solucionistas iniciantes, é composta por 8 problemas divididos em duas seções de quatro composições. Lembrem-se que para resolver os quatro problemas abaixo os solucionistas tinham apenas 2h à sua disposição.

Em 2007 a primeira seção foi composta de 2 diretos em 2 lances, um final e um inverso em 2 lances.
A segunda seção foi composta de 2 diretos em 2 lances, um direto em 3 lances e um ajudado em 2 lances.

Problema 1
Dr. H. von Gottschalk
Deutsche Schachzeitung, 1892
#2
É sempre bom para os solucionistas quando o primeiro problema da série é também o mais fácil!

Encontrar a chave não é muito difícil neste mate em 2. Dois elementos chamam a atenção:
1. O rei preto tem duas fugas, e7 e f7, sem que haja mate preprarado.
2. Se o cavalo de f7 estivesse defendido então g8=C seria mate.

Assim um dos primeiros movimentos que me ocorre ao olhar esta composição é 1. Bf5! ameaçando 2. D:e6#, já que se 1. ... Re7 (R:f7) ainda é possível dar mate com 2. D:e6# e se 1. ... e:f5 2. g8=C#. A única variante que falta conferir é 1. ... R:f5 mas não é difícil encontrar 2. Df3#.

C. Mansfield
The Problemist, 1972
#2

Neste problema está claro que a ameaça de mate das brancas é com a promoção de um peão, porém a única dúvida é: qual a captura correta ? Se 1. hxg7? Th7+, se 1. gxf7? Bh5. Há defesas equivalentes com um dos bispos pretos para as outras capturas de peões "para a esquerda". Vejamos as capturas "para a direita": se 1. f:g7? Bc3!, se 1. c:d7? T:a6!, se 1. d:e7? Cb6!, só resta a chave, para a qual não há defesa das pretas: 1. e:f7! (2. f8=D/T#) Cb6 2. d:c7#.

Embora hajam 8 movimentos das brancas candidatos a chave do problema as refutações das pretas são fáceis de encontrar. O agradável da composição é que há apenas uma refutação das pretas para cada captura equivocada das brancas (estes movimentos brancos que são impedidos por apenas uma defesa das negras são chamados de tentativas ou ensaios).


R. Voja, Problem 1957
Brancas jogam e empatam
Para conseguir empatar as brancas precisam capturar ou bloquear o peão preto que se encontra em b2, a ponto de promover. Evitar esta promoção é essencial e não há muitas formas de evitar ou postergar o avanço deste mal intencionado peão. As únicas alternativas são 1. Te4+ e 1. Te7. O segundo movimento, que ameaça 2. Tb7 seguido da captura do peão parece ser o mais efetivo. Vejamos 1. Te7 b1=D? 2. Ta7+ R~ 3. Tb7+ seguido de 4. T:b1. Uma defesa interessante para as pretas é levar o bispo para a diagonal a5-e1 para interferir em b4 o acesso da torre de b7 a b2. Como não é possível jogar 1. ... Be1? 2. T:e1 então as pretas precisam primeiro jogar 1. ... Bf4+ e depois 2. Bd2. Temos então 1. Te7 Bf4+ 2. Rh5! (porque não Rh7, Rg6 ou Rg7 ? A razão aparece um pouco mais tarde) Bd2 3. Ta7+ Ba5 4. Tb7 Bb4, e agora ? O que as brancas podem fazer ? O último recurso é 5. c3! Seguido de T:b2 (se o bispo se movimentar) ou T:b4+ se o peão promover. Neste momento fica claro que se 2. Rg6?/Rh7 as pretas jogariam agora 5. ... b1=D+ ou se 2. Rg7? as pretas capturariam o peão de c3 com cheque 5. ... B:c3+ seguido de Bb4 e não há mais como parar o peão de b2.


V. Klausen, Dansks S. K. 1933
3° Prêmio
S#2
Em um inverso as brancas forçam as pretas a lhes dar mate no número de movimentos estipulado enquanto as pretas não medem esforços para evitar dar mate nas brancas. Apesar da aparência "kamikaze" do objetivo das brancas os problemas são interessantes e há vários mecanismos típicos de inversos e que não são fáceis de encontrar em problemas diretos.

Neste problema de V. Klausen percebemos que o mate das pretas deve ser dado com o Bispo de h8. Um ponto que chama muita atenção ao olhar do solucionista é que quatro peças pretas podem interceptar a diagonal a1-h8 em e5: as torres de b5 e h5, o cavalo de f7 e o peão de e7. É bem provável que estas interceptações em e5 sejam parte fundamental do problema.
Como a dama de d4 está pregada a única forma de construir uma ameaça é movendo o bispo de d1 para ameaçar 2. Db2+ B:b2#. Neste caso as defesas pretas seriam as 4 interferências em e5 ou o movimento do rei preto a c2 caso o bispo se movimente na diagonal d1-h5. Neste caso o a única tentativa seria 1. Be2 para poder jogar 1. ... Rc2 2. Db2+ (agora o bispo em e2 impede a fuga do rei a d3). Neste caso porém as pretas podem jogar 1. Be2? The5 (ou 1. ... e5) e não há como forçar mate.
Assim o movimento do bispo deve ser na diagonal d1-a4, como Bc2 está fora de questão e 1. Ba4? é refutado por 1. ... b3! então a chave deve ser 1. Bb3!. Se 1. ... Tbe5 2. Dc5+ T:c5#, se 1. ... The5 2. De3+ T:e3#, se 1 ... Ce5 2. Dc4+ C:c4# e finalmente se 1. ... e5 2. Df4+ e:f4#. Em todas as defesas pretas uma peça se movimenta para e5, despregando a dama de d4; e a dama de d4 força esta mesma peça a capturá-la com um cheque que força o mate das pretas.

Esta composição exibe um tema muito comum em problemas inversos conhecido, afetuosamente, como "Tema do Dentista". Neste caso o dente a extrair é a peça preta que joga em e5 no primeiro lance e os cheques da dama branca, agindo como boticão, são coordenados de forma a extrair este siso indesejado de e5 e forçar o mate das pretas.

No próximo artigo veremos os problemas da segunda seção da categoria 2 do ISC 2007.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

naum e entendi nada!!!

25 de setembro de 2008 às 17:33

 

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