Espaço para a divulgação da arte e técnica de problemas de xadrez; sua evolução histórica; soluções de problemas e crônicas acidentais. Todos os direitos reservados. © Roberto Stelling

21 de novembro de 2007

ISC 2007 - 1ª categoria, parte 1

O ISC 2007 foi realizado na Associação Leopoldinense de Xadrez (a ALEX), no centro do Rio de Janeiro, no terceiro domingo de janeiro de 2007, às 8h da manhã. Eu, Marcos Roland e Leo Mano decidimos participar da primeira categoria do ISC 2007. Até então apenas o Roland já havia participado de uma competição internacional ao vivo, com ótimo resultado no Mundial de Rotterdam em 1991. De outra parte eu e Leonardo Mano só tínhamos participado de competições nacionais.
De fato eu já sabia que a minha experiência de quatro finais de campeonatos brasileiros não seria de nenhuma ajuda no ISC, não apenas o formato de competição é totalmente diferente como o nível de dificuldade dos problemas é muito maior.

Em 1984 participei da final do campeonato brasileiro como hours-concours e acertei os 8 mates em 2 em 46 minutos enquanto o campeão daquele ano acertou apenas 6 dos oito problemas em 60 minutos; em 1990 participei pela primeira vez de uma final competindo oficialmente e acertei os 4 diretos em 2, 2 inversos em 2 e 2 ajudados em 2 em 52 minutos; em 2002, depois de 12 anos de inatividade em competições, acertei 4 diretos em 2, 2 inversos em 2, um ajudado em 2 e não encontrei uma solução em outro ajudado em dois de duas soluções (aliás, este foi o único problema que não solucionei completamente em finais de brasileiro!), em 2006 acertei todos os problemas, 4 diretos em 2, 2 inversos em 2 e 2 ajudados em 2 em 58 minutos. Pelo visto minha performance não melhorou com o passar dos anos...

A final do campeonato brasileiro é composta de 8 problemas de dois lances para serem resolvidos em 1h, no ISC são duas seções de 2h cada uma com 6 problemas que incluem: 1 direto em 2, um direto em 3, um direto em mais de 3 lances, um estudo, um inverso e um ajudado em cada seção. Estudo, treinamento, simulações e estratégias de controle de tempo são totalmente diferentes nas duas competições!

Vejamos os problemas da primeira seção da primeira categoria:

C. Wiedenhoff, Urania 1980
Prêmio Especial
#2
Neste mate em 2 está claro que a chave deve ser feita com uma das duas torres porém a dificuldade é descobrir qual das duas torres devemos mover e qual a casa destino da torre.
Como o bispo preto de c1 está livre e não há um prejuízo claro no seu movimento (ou seja, se o bispo sair de c1 não há nenhum mate adicional) então o movimento da torre deve criar uma ameaça. Assim as duas opções viáveis são: 1. Tf7 e 1. Tg7. Como não há mate para 1. Tf7?? Rd5! então a chave deve ser 1. Tg7!, vejamos as variantes:
1. Tg7! (2. T:c7#) Ce6/Ca6/Cd7 2. Tc3#, 1. ... C:e8/Cf7 2. Tf6#.

V. Rudenko
Sächsische Zeitung, 1983
2° Prêmio e.E.
#3
Depois de um tempo de análise percebe-se que não há uma resposta adequada das brancas para o lance 1. ... b4 (ameaçando tanto 2. ... b:a3+ e 2. b:c3+). Assim a chave deve criar uma resposta para b4 ou então impedir este movimento. Depois de buscar e não encontrar formas satisfatórias para criar uma resposta a b4 concluí que é indispensável o bloqueio do peão com 1. Cb4 ou 1. Bb4. Como Cb4 não traz nenhuma ameaça a chave tem que ser 1. Bb4!, portanto a ameaça é 2. Cc2 seguido de 3. Td4# ou 3. Tc3#. Interessante que neste problema foi possível descobrir a chave antes mesmo de saber o estava sendo ameaçado!
Quais seriam as variantes ? (aqui só reproduzo as linhas temáticas principais) 1. ... Tc6 2. Cf5 c:b4 3. Cd6#, 1. ... Cac6 2. Cb3 c:b4 3. Ca5#, 1. ... Cec6 2. Cf3 c:b4 3. Ce5#,


J. Künzelmann
Sächsische Zeitung, 1984
1° Prêmio
#6
Este problema de Künzelmann é mais fácil do que pode parecer à primeira vista, é muito comum que problemas de mates em 5, 6 ou mais lances sejam mais fáceis que problemas de mate em 3 ou 4. Veja que há várias formas de ameaçar mate em um lance com Be2, Bd3 e Bc4, cada um destes movimentos força uma defesa das pretas que evita o mate mais curto, porém é importante perceber que vantagens as brancas podem obter com estas defesas ou que prejuízos as pretas tem ao serem forçadas a se defender da ameaça imediata. Pela mobilidade das pretas é essencial usar estas ameaças curtas para conseguir dar mate em 6 movimentos. Após investigar os tres movimentos de bispo pode-se encontrar a variante forçada: 1. Be2 Ch4 (agora o cavalo não pode ser usado para defender uma ameaça em e4 ou d5) 2. Bd3 f5 (agora a torre não tem a opção de defender d5 usando a quinta fila) 3. Bc4 Td6, após estes lances introdutórios vemos que a torre interferiu com o bispo preto de e7 então seguimos com: 4. Bb5+ a:b5 5. Cb4+ c:b4 6. T:c2#. Composições como esta são chamadas de "problemas lógicos" tanto pela forma de composição quanto pelo método de solução.

H. F. Moxon
British Chess Magazin, 1952
Brancas jogam e ganham
Este final gerou uma controvérsia interessante. A solução pretendida pelo autor não é a seqüência mais natural e pelo menos um solucionista encontrou uma forma alternativa de resolver o problema. Como não tinha ainda resolvido outros problemas acabei não dedicando muito tempo a este problema. Hoje em dia eu teria pelo menos anotado a variante principal da linha que tinha visto e certamente ganharia alguns pontos adicionais, o curioso é que a minha idéia era a mesmo do furo e não a da solução!

A solução do autor é: 1.Tg4 d3 2.Th4+ Rg1 3.Cxd3 Cxd3 4.Td4 Cf4+ 5.Rg4 Bf8 6.Rxf4 Bxh6+ 7.Rf3 Bf8 8.Rg3 Rf1 9.Tf3+ e ganham.

Porém é possível ganhar também com: 1.Rg4 d3 2.Cd5 d2 3.Ce3 e agora as pretas podem escolher entre 3. ...Cd7, 3. ...Ce4 ou 3. ...Cd3, as variantes são complexas mas as brancas possuem formas de ganhar em todos os casos!


K. Ewald, Die Schwalbe, 1996
H#3, 2 Soluções
Este ajudado em 3 é mais difícil que parece à primeira vista porém dá para perceber que a semi-pregadura das peças brancas em d8 e c8 está relacionada a possíveis despregaduras efetuadas pelos bispos pretos de a2 e c5. A dificuldade está em montar os quadros de mate. Com o rei preto em d5 é possível dar mate com Cd7 se o bispo branco estiver em f6 e as casas e6 e c4 controladas, assim uma variante seria: 1.Bg8 exf5 2.Rd5 Bf6 3.Tc4 Ce7#. Um segundo quadro de mate seria com o cavalo branco em d6 e o bispo branco em b6, para isto é necessário controlar e5 e c3, assim a segunda solução seria 1.Cb5 f4 2.Bf8 Cd6 3.Cc3 Bb6#

L. Knotek, Lidove Noviny, 1925
2° e.E.
S#5
O último problema da primeira seção foi responsável por perda de pontos generalizade e teve a taxa mais baixa de acertos entre os solucionistas. Embora não seja difícil visualizar os quadros de mate (até porque está claro que as pretas precisam executar 1 movimento de rei para a sexta fila e quatro movimentos de peão, dando mate na sétima fila) porém pelo número de variantes e possibilidades é difícil identificar o lance inicial!

1.Bb4! exd5 2.Rd1 dxc4 3.Bc5+ Rc3 4.Rc1 cxd3 5.Bd1 d2#, se 1...e5 2.Bc5+ Rc3 3.Rd1 e4 4.Rc1 exd3 5.Bd1 d2#, se 1...exf5 2.Ch5 f4 3.Dg7+ Rxe3 4.Td1 f3 5.Bf1 f2# e finalmente se 1...Rxe3 2.Bc3 e5 3.Tf1 e4 4.Be5 exd3 5.Bd1

Por enquanto é só, mais tarde veremos a segunda parte da categoria 1!

Marcadores:

20 de novembro de 2007

ISC 2007 - 2ª categoria, parte 2

O intervalo entre as duas seções de solução do ISC é no mínimo de 15 minutos mas pode extender-se até 1 hora, caso seja necessário. No ISC 2007 o intervalo foi de apenas 15 minutos, não há muito tempo para descansar entre uma seção e outra e é importante ao mesmo tempo ter calma e manter a dose certa de adrenalina.

Na segunda seção encontramos 2 problemas de mate em dois, um problema de mate em 3 e um ajudado em dois lances. Vejamos o primeiro mate em dois.

H. Zajic, Die Schwalbe, 1978
2° Prêmio
#2
Curiosa a fileira de peças pretas na coluna h, não ? É bem provável que o objetivo do compositor deste problema era demonstrar interferências entre as torres e bispos nas casas adjacentes, em particular g3, f3, f4 e e4 (onde cruzam as linhas de uma torre e um bispo).
Assim os bispos e torres tem a função de defender possíveis mates na 3 e 4 fila e nas diagonais a8-h1 e b8-h2 e os peões brancos de f2 e e2 parecem ter a função de de interferir em e3 (afeta Th3), e4 (afeta Th4 e Bh1), f3 (afeta Th3 e Bh1) e f4 (afeta Th4 e Bh2), é possível também que o cavalo branco de f5 tenha a função de interferir em g3, já que no momento o cavalo está controlando duas casas no campo do rei que já são dominadas por duas outras peças: d4 e d6. Vejamos 1. Cg3! (ameaçando 2. Dd6# e 2. Cd3#) 1. ... Td4 2. D:d4#, 1. ... Bc6 2. D:c6#, os outros movimentos permitem um dos dois mates ameaçados (Dd6# ou Cd3#).

T. Kardos
Magyar Sakkelet, 1952
4° Prêmio e.E.
#2
Em uma boa composição não há uma peça sem função, sem uso, aplicando este conceito no segundo problema vemos que o peão branco em b3 existe provavelmente para controlar a casa c4 caso o rei preto vá a d5 ou d4. Assim a chave do problema deve liberar uma destas duas casas, muito provavelmente d5, assim as primeiras opções são 1. Tg2 ou 1. Tf3. Como Tg2 é refutado por 1. ... Rd5 (entre outros!) então a solução deve ser 1. Tf3! (ameaçando 2. Te3#) se 1. ... Re4 2. Te3#, se 1. ... Rd5 2. Tf5# e se 1. ... Cf5/Cd5 2. Tf5#


A. Thoma
Schach in Schleswig-Holstein, 1995
#3
O rei das pretas está afogado e apenas o peão de f3 pode se mover, o problema das brancas é como ativar suas peças e dar mate no terceiro movimento.
A idéia mais natural nesta posição é mover o rei branco de e5, a torre de g3 e jogar 3. Bc7 no terceiro movimento. A única questão é: para que casa mover o rei branco ? d6, d4, e4 e f4 estão fora de questão, só restam d5, e6, f6 e f5. f6 e f5 não funcionam por 1. Rf6/Rf5? f2! e as pretas ameaçam tanto 2. ... f:g1=D (ou bispo) defendendo b6 quanto f1=D+, se 1. Re6? então 1. ... f:e2 e não há como ao mesmo tempo defender b5 e prevenir e1=D+, finalmente 1. Rd5! zz 1. ... f:e2 2. Tb3 ~ 3. Bc7#, 1. ... f2 2. Te3 ~ 3. Bc7# e se 1. ... f:g2 2. Tf3 ~ 3. Bc7#.


A. Thoma (inédito)
Dedicado aos solucionistas do ISC 2007
H#2, a) Diagrama b) Cf6->Bf6
Por fim chegamos ao último problema da segunda seção. Em um ajudado as brancas e as pretas colaboram para dar mate no rei preto. Pode parecer mais fácil que problemas diretos já que ambos os lados colaboram para que o mate aconteça. Mas não é tão simples assim, ajudados são às vezes muito mais difíceis e complexos que diretos. Felizmente para o solucionista o ajudado do ISC 2007 não era dos mais difíceis. :)
É claro que o mate deve ser com o bispo branco em f2 e a dama branca em e2 ou com o bispo branco em e1 e a dama branca capturando em a5 porém como executar o plano ? No gêmeo a a solução é: 1. C:g4 Bf2 (já que o cavalo abrirá a diagonal d1-h5) 2. Ch2 De2#, no gêmeo b (com um bispo preto no lugar do cavalo) temos 1: B:g5 Be1 (já que o bispo abrirá a quinta fila) 2. Bh4 D:a5#. Este talvez tenha sido o problema mais fácil da segunda seção.
No próximo artigo veremos os problemas da primeira categoria do ISC 2007. Até lá!

Marcadores:

17 de novembro de 2007

ISC 2007 - 2ª categoria, parte 1

A categoria 2, voltada para solucionistas iniciantes, é composta por 8 problemas divididos em duas seções de quatro composições. Lembrem-se que para resolver os quatro problemas abaixo os solucionistas tinham apenas 2h à sua disposição.

Em 2007 a primeira seção foi composta de 2 diretos em 2 lances, um final e um inverso em 2 lances.
A segunda seção foi composta de 2 diretos em 2 lances, um direto em 3 lances e um ajudado em 2 lances.

Problema 1
Dr. H. von Gottschalk
Deutsche Schachzeitung, 1892
#2
É sempre bom para os solucionistas quando o primeiro problema da série é também o mais fácil!

Encontrar a chave não é muito difícil neste mate em 2. Dois elementos chamam a atenção:
1. O rei preto tem duas fugas, e7 e f7, sem que haja mate preprarado.
2. Se o cavalo de f7 estivesse defendido então g8=C seria mate.

Assim um dos primeiros movimentos que me ocorre ao olhar esta composição é 1. Bf5! ameaçando 2. D:e6#, já que se 1. ... Re7 (R:f7) ainda é possível dar mate com 2. D:e6# e se 1. ... e:f5 2. g8=C#. A única variante que falta conferir é 1. ... R:f5 mas não é difícil encontrar 2. Df3#.

C. Mansfield
The Problemist, 1972
#2

Neste problema está claro que a ameaça de mate das brancas é com a promoção de um peão, porém a única dúvida é: qual a captura correta ? Se 1. hxg7? Th7+, se 1. gxf7? Bh5. Há defesas equivalentes com um dos bispos pretos para as outras capturas de peões "para a esquerda". Vejamos as capturas "para a direita": se 1. f:g7? Bc3!, se 1. c:d7? T:a6!, se 1. d:e7? Cb6!, só resta a chave, para a qual não há defesa das pretas: 1. e:f7! (2. f8=D/T#) Cb6 2. d:c7#.

Embora hajam 8 movimentos das brancas candidatos a chave do problema as refutações das pretas são fáceis de encontrar. O agradável da composição é que há apenas uma refutação das pretas para cada captura equivocada das brancas (estes movimentos brancos que são impedidos por apenas uma defesa das negras são chamados de tentativas ou ensaios).


R. Voja, Problem 1957
Brancas jogam e empatam
Para conseguir empatar as brancas precisam capturar ou bloquear o peão preto que se encontra em b2, a ponto de promover. Evitar esta promoção é essencial e não há muitas formas de evitar ou postergar o avanço deste mal intencionado peão. As únicas alternativas são 1. Te4+ e 1. Te7. O segundo movimento, que ameaça 2. Tb7 seguido da captura do peão parece ser o mais efetivo. Vejamos 1. Te7 b1=D? 2. Ta7+ R~ 3. Tb7+ seguido de 4. T:b1. Uma defesa interessante para as pretas é levar o bispo para a diagonal a5-e1 para interferir em b4 o acesso da torre de b7 a b2. Como não é possível jogar 1. ... Be1? 2. T:e1 então as pretas precisam primeiro jogar 1. ... Bf4+ e depois 2. Bd2. Temos então 1. Te7 Bf4+ 2. Rh5! (porque não Rh7, Rg6 ou Rg7 ? A razão aparece um pouco mais tarde) Bd2 3. Ta7+ Ba5 4. Tb7 Bb4, e agora ? O que as brancas podem fazer ? O último recurso é 5. c3! Seguido de T:b2 (se o bispo se movimentar) ou T:b4+ se o peão promover. Neste momento fica claro que se 2. Rg6?/Rh7 as pretas jogariam agora 5. ... b1=D+ ou se 2. Rg7? as pretas capturariam o peão de c3 com cheque 5. ... B:c3+ seguido de Bb4 e não há mais como parar o peão de b2.


V. Klausen, Dansks S. K. 1933
3° Prêmio
S#2
Em um inverso as brancas forçam as pretas a lhes dar mate no número de movimentos estipulado enquanto as pretas não medem esforços para evitar dar mate nas brancas. Apesar da aparência "kamikaze" do objetivo das brancas os problemas são interessantes e há vários mecanismos típicos de inversos e que não são fáceis de encontrar em problemas diretos.

Neste problema de V. Klausen percebemos que o mate das pretas deve ser dado com o Bispo de h8. Um ponto que chama muita atenção ao olhar do solucionista é que quatro peças pretas podem interceptar a diagonal a1-h8 em e5: as torres de b5 e h5, o cavalo de f7 e o peão de e7. É bem provável que estas interceptações em e5 sejam parte fundamental do problema.
Como a dama de d4 está pregada a única forma de construir uma ameaça é movendo o bispo de d1 para ameaçar 2. Db2+ B:b2#. Neste caso as defesas pretas seriam as 4 interferências em e5 ou o movimento do rei preto a c2 caso o bispo se movimente na diagonal d1-h5. Neste caso o a única tentativa seria 1. Be2 para poder jogar 1. ... Rc2 2. Db2+ (agora o bispo em e2 impede a fuga do rei a d3). Neste caso porém as pretas podem jogar 1. Be2? The5 (ou 1. ... e5) e não há como forçar mate.
Assim o movimento do bispo deve ser na diagonal d1-a4, como Bc2 está fora de questão e 1. Ba4? é refutado por 1. ... b3! então a chave deve ser 1. Bb3!. Se 1. ... Tbe5 2. Dc5+ T:c5#, se 1. ... The5 2. De3+ T:e3#, se 1 ... Ce5 2. Dc4+ C:c4# e finalmente se 1. ... e5 2. Df4+ e:f4#. Em todas as defesas pretas uma peça se movimenta para e5, despregando a dama de d4; e a dama de d4 força esta mesma peça a capturá-la com um cheque que força o mate das pretas.

Esta composição exibe um tema muito comum em problemas inversos conhecido, afetuosamente, como "Tema do Dentista". Neste caso o dente a extrair é a peça preta que joga em e5 no primeiro lance e os cheques da dama branca, agindo como boticão, são coordenados de forma a extrair este siso indesejado de e5 e forçar o mate das pretas.

No próximo artigo veremos os problemas da segunda seção da categoria 2 do ISC 2007.

Marcadores:

15 de novembro de 2007

Revisão de 2007 - ISC

Bom, desta vez vou tentar retomar este blog e postar com "pouco mais" de constância... Afinal a postagem anterior foi em outubro de 2006!

2007 está sendo excepcional para a solução de problemas no Brasil. Começamos o ano com a primeira participação brasileira no ISC (International Solving Contest), um evento mundial realizado simuntaneamente em vários países.

O modelo é simples, no mesmo horário as competições começam nos vários países. Controladores locais passam os mesmos problemas para todos os participantes e os resultados, assim que terminam as sessões de solução, são enviados para um controlador central. Após um tempo os resultados globais são publicados e após um intervalo para contestação os resultados são confirmados.

A sub-seção brasileira foi realizada na Associação Leopoldinense de Xadrez (ALEX), no Rio de Janeiro, sob a coordenação local do compositor Ricardo Vieira.
Abaixo vemos uma foto dos participantes tirada por mim com a máquina do Leo Mano (por isto não apareço na foto! :) )


Ricardo Vieira, Paulino Fernandes, Lucas Soares,
Antonio Cordeiro Gerk, Marcos Roland, Almiro Zarur, José Blanco e Leonardo Mano.



O ISC é dividido em duas categorias, com 12 problemas para cada categoria. Em cada categoria são realizadas duas sessões de solução com 6 problemas para serem resolvidos em 2h. Há um intervalo mínimo de 15 minutos entre as sessões. Sumarizando, são 12 problemas para serem resolvidos em 4 horas em cada uma das sessões.

A categoria vale rating de soluções e permite competir com a elite mundial de soluções. Para que se tenha uma idéia de quão forte foi a competição, John Nunn, que mais tarde viria tornar-se bi-campeão mundial de soluções em Rodes na Grécia, ficou na segunda colocação do ISC 2007.

A categoria 2 é voltada para jovens e solucionistas iniciantes. De uma certa forma poderia-se dizer que todos os solucionistas brasileiros eram iniciantes, já que não tínhamos até então nenhuma experiência em competições deste tipo e nível, e poderiam participar da categoria 2 porém eu, Marcos Roland e Leonardo Mano decidimos participar da categoria 1, principalmente pela possibilidade de obter rating de soluções. De nós apenas o Roland já havia participado de competições internacionais, com uma ótima performance no mundial de Rotterdam em 1991.

No total o ISC contou com a participação de 261 solucionistas de 26 países nas duas categorias, sendo 219 na categoria 1 e 42 na categoria 2.

A tabela abaixo exibe a pontuação dos dez primeiros colocados e a participação dos brasileiros da categoria 1.

Name Country
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
TOT.
TIME
Place
Vuckovic, Bojan Serbia
5
5
5
5
5
0
5
5
4
5
5
5
54
228
1
Nunn, John Great Britain
5
5
5
5
5
0
5
5
4,5
5
2,5
5
52
240
2
Lebedev, Aleksey Russia
5
4
5
5

3,5
5
4,5
4
5
5
5
51
232
3
Baier, Roland Switzerland
5
5
5
-
5
4
5
5
4
5
2,5
5
50,5
240
4
Tummes, Boris Germany
5
5
5
0
5
0
5
5
5
5
5
5
50
232
5
Nicula, Dinu-Ioan Romania
5
5
5
5
5
0
5
4,5
-
5
5
5
49,5
240
6
Azhusin, Alexandr Russia
5
4
5
0
5
5
5
5
5
5
-
5
49
240
7
Caillaud, Michel France
5
5
5
0
5
5
5
5
-
5
2,5
4
46,5
237
8
Zude, Arno Germany
5
5
5
0
5
0
5
5
4
5
2,5
5
46,5
240
9
Piliczewski, Bogusz Poland
5
5
5
1
2,5
5
5
5
5
2
2,5
2
45
240
10
Prentos, Kostas Greece
5
5
5
0
2,5
0
5
5
5
5
2,5
5
45
240
10
Stelling, Roberto Brazil
5
4
5
-
-
-
5
4,5
-
5
2,5
0
31
240
59
Roland, Marcos Brazil
5
-
5
0
-
-
5
5
-
5
-
-
25
240
88
Mano, Leonardo Brazil
5
-
-
0
-
-
0
0
-
4
-
-
9
239
182


A categoria 2 reservou uma agradável surpresa para todos nós. Antonio Gerk, superando até mesmo suas performances em campeonatos brasileiros, resolveu todos os problemas muito rapidamente e conquistou o título da categoria. Abaixo vemos os 15 primeiros colocados da categoria 2.

Name Country
1
2
3
4
5
6
7
8
TOT.
TIME
Place
Gerk, Antonio Brazil
5
5
5
5
5
5
5
5
40
127
1
Turu, Indrek Estonia
5
5
4
4
5
5
5
5
38
177
2
Tzur, Israel Israel
5
5
5
5
0
5
5
5
35
71
3
Terwey, Matthias Germany
5
5
5
5
5
0
5
5
35
78
4
Stern, David Israel
5
5
5
5
0
5
5
5
35
162
5
Maayan, David Israel
5
5
5
5
5
0
5
5
35
216
6
Nitelea, Barbu Romania
5
5
5
4
0
5
5
5
34
80
7
Sergo, Eerik Jaan Estonia
5
5
5
4
5
0
5
5
34
186
8
Kitazume, Takaahi Japan
5
5
5
0
5
5
5
2,5
32,5
240
9
Han, Israel Israel
5
5
2
5
0
5
5
5
32
136
10
Zavalin, Eugene Brazil
5
5
2
5
0
5
5
5
32
240
11
de Hert, Robert Belgium
5
5
2
4
5
5
-
5
31
213
12
Abramov, Denis Russia
5
5
-
4
5
0
5
5
29
198
13
Chagas, Fernando Brazil
5
5
5
5
5
0
3,5
-
28,5
138
14

E o resultado da seção brasileira.

Categoria 2 (40 pontos possíveis em 240min)
1°) Antonio Gerk: 40 pts (127min)
2°) Eugene Zavalin: 32 pts (240min)
3°) Paulino Chagas: 27.5 pts (138min)
4°) José Blanco: 22 pts (186min)
5°) Lucas Soares: 20 pts (188min)

Dada a sua performance excepcional Antonio Gerk terá que participar da categoria 1 no ISC 2008!

No próximo artigo veremos os problemas do ISC 2007 e falaremos das competições em Rodes.

Marcadores: