Espaço para a divulgação da arte e técnica de problemas de xadrez; sua evolução histórica; soluções de problemas e crônicas acidentais. Todos os direitos reservados. © Roberto Stelling

29 de maio de 2006

Memorial Gerd Giebel

No dia 20 de abril de 2006 foi realizada a final do XVI Campeonato Brasileiro de Soluções de Problemas de Xadrez, o Memorial Gerd Giebel. O evento ocorreu nas ampla e confortável biblioteca do Liceu Franco-Brasileiro onde há 17 belas mesas de xadrez!

O CBS segue um formato que vem sendo usado há alguns anos, embora seja bem diferente do formato adotado nos campeonatos mundiais. O campeonato se inicia com um problema de inscrição seguido de 2 fases eliminatórias e final classificatória, este ano a competição obedeceu ao seguinte cronograma:
  1. Inscrição (1 #2, respostas até 19/08/2005)
  2. Preliminar (8 #2, resposta até 18/11/2005)
  3. Semifinal (#3, #4, #5, h#2, h#4, s#2, s#5, +, respostas até 17/02/2006)
  4. Final (4 #2, 2 h#2, 2 s#2, 1h ao vivo)
A fase de inscrição não é eliminatória e tem o objetivo de servir de etapa de divulgação do campeonato. Aos participantes basta enviar a sua resposta do problema proposto dentro do prazo determinado e efetuar o pagamento da inscrição do campeonato. Os R$ 10 da inscrição cobriram os custos de correio, e-mail, divulgação e trofeus.

Ricardo Vieira foi o árbitro da competição e o presidente da UBP, Leonardo Mano, foi o responsável pela organização do evento. Os tres primeiros colocados na final foram:

1) Roberto Stelling - 18 (100%)
2) Sergio Milward - 11 (61%)
3) Marcos Maldonado Roland - 10 (56%)

Também participaram da final: Antonio Cordeiro Gerk, José Maffei Filho e Fernando Paulino Chagas.

No próximo artigo mostraremos os problemas do campeonato e suas soluções.

Antes do início da final fez-se um minuto de silêncio em homenagem a Gerd Giebel e Leonardo Mano fez um pequeno histórico daquele grande problemista brasileiro.


Gerd Giebel

Nasceu em 24 de dezembro de 1933 em Ponta Grossa, Paraná, um dos mais dinâmicos entusiastas do xadrez. Possuia um espírito empreendedor que o fez experimentar todas as nuances do esporte: Foi jogador, compositor, solucionista, diretor, coordenador, postalista, editor, colunista, consultor, julgador e promotor de torneios.

Cirurgião Dentista por profissão, foi também Diretor de xadrez da Sociedade Ginástica de São Bento do Sul (SC), Membro do Conselho Fiscal da Federação Catarinense de Xadrez, Benemérito da Confederação Brasileira de Xadrez, Co-Fundador (junto com Belliboni) do Núcleo Brasileiro de Solucionistas, redator do Jornal do Solucionismo (função que deteve por mais de 10 anos), Sócio Benemérito da UBP e membro da Sociedade dos Amigos do Xadrez Arte.

Tudo isso o fez merecedor, mesmo que postumamente, do título de Mestre Nacional de Xadrez, conferido pela CBX, por relevantes serviços prestados à causa do enxadrismo nacional.

Porém, foi no xadrez arte onde mais se destacou. Era uma força motriz, pilar, alavanca e esustentáculo do problemismo brasileiro.

Com 15 anos de idade já disputava concursos de soluções. Suas primeiras composições datam de 1966 e, ao todo, compôs cerca de 50 problemas. Em 1973 começou a promover concursos oficiais de solucionismo. Foi nomeado em 1982, pela UBP, Delegado do Núcleo Regional Sul (RS-SC-PR), onde realizou pré-torneios de composição e soluções. Atuou muitas vezes como juiz neutro de composição e foi coordenador nos CBS de 1990, 92, 95 e 98.

Em 1985, foi vice campeão do 1ro Campeonato Brasileiro de Composição de Novos, mesmo ano em que foi Vice-campeão de solucionismo no VII-CBS. Foi também, tri-campeão estadual catarinense de solucionismo (1988-2001-2003).

Mantinha uma seção de problemas na revista do Clube de Xadrez Epistolar Brasileiro, do qual era sócio, onde também promoveu campeonatos epistolares de solucionismo. Possuia correspondentes em todo o mundo, desde a visinha Argentina até a longínqua Rússia. Fato que o permitiu construir um acervo de livros, manuais, revistas, manuscritos de valor inestimável e que ele modestamente chamava de "meus arquivos". Seu alemão fluente permitiu a tradução de diversas obras.

Foi, com o passar dos anos, examinador, analista, julgador e, finalmente, capitão da equipe brasileira nos torneios mundiais de composição. Função que ocupava até seu falecimento em 26 de maio de 2004 ocorrido na pacata cidade de São Bento do Sul (SC).

Filho de Max Giebel, de quem herdou a paixão pelo xadrez, deixou viúva a Sra. Dóris, o filho Claudio e uma filha.